O ano civil começa no dia 1º de janeiro; a liturgia, porém, segue outro calendário e estabelece o início do ano no primeiro domingo do Advento. Parece, de fato, lógico que os acontecimentos da vida de uma pessoa sejam apresentados a partir do dia do seu nascimento, ou, antes até, a partir do momento em que a sua vinda é aguardada.

Mas foi assim desde o começo da Igreja? Não. No século I os cristãos não tinham outra festa a não ser a celebração semanal da ressurreição do Senhor.

No primeiro dia da semana (que os romanos chamavam “dia do Sol”) costumavam reunir-se para ouvir a Palavra de Deus, para celebrar a Eucaristia, e, nos primeiros anos, também para tomar a refeição em comum. Em seguida, todos voltavam para suas casas, despedindo-se uns dos outros, até o domingo seguinte.

Não tinham outras celebrações, além dessa.

Não passou muito tempo, porém, e a Igreja percebeu a necessidade de dedicar um dia do ano para a comemoração dos acontecimentos culminantes da vida de Jesus e por isso instituiu a Páscoa. No começo do século II essa festa já estava difundida em todas as comunidades cristãs. Sendo, porém, que um único dia destinado para celebrar a ressurreição de Cristo parecia muito pouco, pensou-se em prolongar a alegria dessa festa para sete semanas, os 50 dias de Pentecostes, que deviam ser celebrados com grande alegria, por-que, - como dizia um famoso bispo daqueles tempos antigos, chamado Irineu – “estes dias são como um único dia de festa, que tem a mesma importância do domingo”.

Passaram-se ainda muitos anos e por volta de 350 d.C. decidiu-se celebrar também o nascimento de Jesus. Mas em que dia nasceu Jesus? Ninguém sabia! Naquele tempo não existia o registro civil, como em nossos dias, e o povo se esquecia facilmente do dia e até mesmo do ano em que a pessoa tinha nascido.

De que maneira, então, seria possível estabelecer a data do Natal?

Naqueles tempos havia uma festa, conhecida como a “Festa do nascimento do Sol”; no Egito era celebrada no dia 6 de janeiro e em Roma no dia 25 de dezembro. Os pagãos estavam convencidos de que o Sol era um deus e pro esta razão faziam uma festa para comemorar o seu nascimento. Era uma oportunidade na qual se divertiam, comiam e bebiam até se embriagarem, permitindo-se outras coisas que é melhor não contar.

Quando, por volta de 350 d. C., os cristãos se tornaram numerosos, até mesmo mais do que os pagãos, o que decidiram eles? Mudaram o nome e o sentido da festa do “nascimento do Sol”. Estabeleceram esse dia para a celebração do nascimento de Jesus, pois, - assim pensavam – Ele é o verdadeiro Sol, a luz que ilumina todos os homens.

E foi assim que, por muitos anos, o ano litúrgico teve seu início no dia 25 de dezembro.

Por volta do ano 600 d. C. os cristãos julgaram que uma festa tão importante deveria ser preparada com muito esmero, e por essa razão decidiram que fosse precedida pelos quatro domingos do Advento e que o Ano Litúrgico deveria começar com o primeiro desses domingos: portanto, no final do mês de novembro ou no começo de dezembro.

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