O QUE É NECESSÁRIO PARA ESTAR EM COMUNHÃO COM JESUS NA EUCARISTIA?

Quero iniciar esta reflexão com a seguinte pergunta: Em que consiste o ato de comungar? Outra questão pertinente é: O que é necessário para estarmos em comunhão com Jesus na Eucaristia que celebramos?
Talvez muitos ainda sigam o caminho da reflexão da catequese superada pelo Vaticano II, pensando que, para estarmos em comunhão com Jesus na Eucaristia, o principal é estarmos sem pecado, indo às missas aos domingos e dias santos... se ainda pensamos assim, nossa visão eucarística está muito presa à lei do puro e do impuro criticada por Jesus junto dos fariseus (Confira Mt 9, 9-17).
Tentemos responder à mesma pergunta do ponto de vista do olhar e do sentir de Jesus. Vejamos que chegaremos a uma compreensão muito mais larga e próxima do seu mandato eucarístico junto dos destinatários da Eucaristia: os pecadores e doentes (Confira mt 9, 12-13).
A partir da relação de Jesus com o ser humano, descobrimos que, para estar em comunhão com Jesus, é preciso ter um coração misericordioso e compassivo para consigo mesmo e para com o próximo. Pois só um coração dilatado pelo amor ao próximo como a si mesmo será capaz de acolher a boa nova de Jesus e estar com ele no dia-a-dia.
Quem se julga melhor do que o outro não consegue estar em comunhão com o Mestre. Pois quem julga saudável não precisa de remédio. Quem se vê santo não precisa de alimento para pecador (a Eucaristia). E quem se acha puro não consegue misturar-se com os impuros. Portanto, comer o Corpo de Cristo é muito mais do que recebe-lo na fila de comunhão, cumprindo, assim, o preceito dominical de “ir à missa aos domingos e dias santos”, para não estar em pecado.
Pela graça do Batismo, para comungarmos do Corpo de Cristo, precisamos estar com Ele. Desejar segui-lo com nossa vida. Vendo o mundo com os olhos dele. Sentindo os que estão ao seu redor como ele sentiu. Acolher op outro como ele os acolheu... E amou-os até o fim.
Como cantamos em nossas Eucaristias: comungar é tornar viva a aliança em Jesus, razão de nossa esperança. Se comungarmos apenas por medo do inferno, para “guardarmos os domingos e festas”, ou seja, para cumprirmos a lei, na verdade corremos o risco de estarmos, de fato, comungando a nossa “própria condenação”, pois estaremos vivendo uma religião da opressão, geradora de esquizofrenias (Psicose em que o doente perde o contato com a realidade, e vive num mundo imaginário que para si próprio criou). Uma religião sem vida, sem esperança e sem amor, que não promove a vida pessoal, comunitária e universal corre sério risco de ficar estéril.
Jesus sempre impulsionou aqueles que souberam amar, perdoar, acreditar, viver uma religião libertadora dos males. Ao contrário, ele também disse que não são aqueles que dizem ‘Senhor, Senhor’ que entrarão no Reino do Céu, mas sim aqueles que fazem a vontade do Pai (Mt 7, 21). O que é à vontade do Pai, senão que todos se amem, tenham vida, promovam a justiça e a paz?
Portanto, ao invés de ser um cristão injusto, desumano, corrupto, explorador, incapaz de sentir a dor do outro e de amá-lo, é melhor então ser um ateu justo, humano, que promova a paz, respeitando e amando o seu próximo. Esses ateus, com certeza, estarão muito mais próximos da comunhão com Cristo do que aqueles que não se deixam afetar pelo Corpo e Sangue do Senhor recebidos em cada Eucaristia celebrada. Pois vivem a essência do cristianismo, mesmo sem conhecer Jesus Cristo.
Que esse momento em nossa paróquia seja estendido ao longo da vida de todos aqueles que estão recebendo Jesus Eucarístico pela primeira vez. Lembrem-se: Receber a comunhão nos pede muito compromisso com o projeto de vida do Cristo vivo presente no meio de nós.
Carinhosamente o irmão em Cristo!
Pe. Ademário Ledo

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