
Com o avanço das pedagogias educativas, temos descoberto que o amor é a maior forma de educar, de se comprometer com o outro, por isso ouvimos dizer que quem ama educa, se doa e é responsável pelo outro. Da mesma forma podemos dizer, com o avanço da teologia eucarística, principalmente depois do Vaticano II, que quem, de fato, comunga com Cristo de sua vida assume, por amor, o projeto de salvação dado pelo Pai.
Não é a lei que educa, e sim o amor. Quem ama respeita, sabe ensinar, da mesma forma respeitar. Por isso, se humaniza. Um ser humanizado não tem lei que lhe faça viver o contrário. Diga-se de passagem, os mártires de ontem e de hoje.
Quem comunga da vida e Cristo deve tornar-se, ao longo da vida, mais e mais cristoforme. Ou seja, um outro Cristo na comunidade de fé. Sua vida deve exalar o bom odor do Cristo. Sua fala deve vir com autoridade, testemunho de fraternidade. Missão de valorização do próximo, acima de qualquer coisa.
Em tempos nos quais nos comunicamos tão pouco, principalmente o que temos de melhor, surge no horizonte da reflexão teológica humanista um resgate do conceito de santo. O mundo precisa de santos que sejam pequenos reflexos da bondade infinita de Deus para com o ser humano, exilado em si mesmo – dizem os cientistas, que, na pós-modernidade, reina a perda de sentido, o vazio.
Em nossos tempos, nunca se pensou que o ser humano se desumanizasse tanto. Fosse a distâncias jamais imagináveis, porém se distanciasse tanto do seu próximo mais próximo. Há que se voltar via a santidade de Deus.
Um novo caminho de santidade no terceiro milênio será o da humanização perdida. Se Jesus foi tão humano, que só poderia ser divino, então o santo não é nada mais nada menos do que uma pessoa humana e humanizante.
O santo (o humano humanizante) do terceiro milênio será aquele que entrará em qualquer religião, será venerado por qualquer pagão. O seu conceito não criará obstáculos ao diálogo com as diferentes crenças. Será arauto do amor, da justiça e da paz, diminuindo os abismos entre raças e credos.
Para nós, cristãos, Jesus, o grande humanista do Pai, é o maior exemplo de caminho, de reconstrução do humano exilado em sua própria pátria. Basta olharmos, com atenção, a jornada de santidade de Jesus da Galiléia à Jerusalém. Como ele se relacionou com o estrangeiro, com o órfão, a viúva, o cobrador de impostos, a prostituta, os possessos, o filho pródigo, a pecadora, o doente, o cego... Enfim, todos os relegados pelo Estado e pela religião de sua época.
Todos os encontros de Jesus, até com as autoridades religiosas, foram libertação da vida, de humanização. Sobre Jerusalém, Jesus chorou por seus habitantes são terem acolhido a sua boa nova. Junto do cego, lhe devolveu a vista; do possesso, libertou o que lhe atormentava; ai faminto lhe deu de comer, ao marginalizado pela religião, lhe devolveu o caminho para Deus; ao pobre, lhe mostrou sua riqueza; aos inimigos, lhes mostrou tamanho amor, dando-lhes a outra face.
Enfim, sendo divino se revelou profundamente humano. Talvez para mostrar que no núcleo do humano mora o Divino, mesmo aqueles que se encontram nas trevas.
Que autoridade religiosa de seu tempo poderia conceber um Deus que quis ser humano, se fazer pobre, pecador com os pecadores, doente com os doentes, impuro com os impuros... E por fim morreu escandalosamente como marginal? Só alguém humano como Jesus para assumir tamanhas desumanidades sobre si.
Na altura de nossa reflexão, talvez os ouvintes estejam se perguntando o que tudo isso tem a ver com a Eucaristia? Eu diria: tudo! Tudo porque a Eucaristia é o Sacramento da vida de Jesus. Nela nós temos condensado todos os seus ensinamentos, as suas ações, ou seja, pela comunhão que recebemos, temos a graça divina de nos fortalecer no Cristo que continua nos ensinando o caminho verdadeiro dos santos do terceiro milênio: o da humanização da sociedade.
Jesus disse que bastava termos fé e tudo o mais nos seria dado. Eis a palavra de vida: acreditar que um mundo melhor é possível; que o ser humano tem jeito; que as pessoas podem ser melhores; que é possível testemunhar o Cristo-Pão em nossas novas relações familiares, de trabalho e comunitárias. Se assim buscarmos viver, nos convenceremos de que a humanização é o caminho para a santidade, hoje. Quando isso acontecer, os cristãos serão um testemunho maior, como já fora um dia. O mundo voltará a dizer: vejam como eles se amam.
Eis a grande missão de nossa Igreja: resgatarmos o ser humano deixado as margens da vida, às vezes até das próprias religiões e, principalmente, da sociedade contemporânea, devolvendo-lhe a fé, a esperança e a dignidade. Enquanto não atingirmos a humanidade de Cristo, continuaremos a dizer em nossas liturgias: Senhor, eu creio em ti, mas aumentai a minha fé. Lembre-se a humanização é o melhor caminho para a humanização.
Texto – Jornal de Opinião
Ir. Marcelo Silva - Sacramentino
Digitação Pe. Ademário
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