Essa é a terceira e ultima parte da série "Devoção aos Santos"
3. IMAGEM E IDOLATRIA
Muitos se perguntam: os católicos adoram imagens? A resposta é: Não! Nunca adoram, sempre as valorizaram. As imagens valem o que vale uma foto; ela pode estar gasta, mas recorda um ente querido. Os católicos não adoram imagens. Somente as utilizam para lembrar de alguém que é maior e a isso se chama de veneração e não de adoração. O sentido das imagens católicas está na linha da serpente de bronze que Deus mandou Moisés esculpir (Números 21, 8,9), segundo a explicação dada em Sabedoria 16, 7: “e quem se voltava para ele (o sinal da serpente), era salvo, não em virtude do que via, mas graças a Ti ó Salvador de todos”.
3.1. Imagens permitidas na Bíblia.
A Bíblia apresenta, muitas vezes, o mistério de Deus através de imagens; e a primeira imagem quem a fez foi o próprio Deus, ao criar o ser humano à sua imagem e semelhança (Gênesis 1, 27; 2, 7). O mesmo Deus manda Moisés fazer dois querunbins de ouro e colocá-los por cima da Arca da Aliança (Êxodo 25, 18-20). Manda Salomão enfeitar o templo de Jerusalém com imagens de querunbins, palmas, flores, bois e leões (1Reis 6, 23-35 e 7, 29). O Novo Testamento também apresenta o mistério de Deus através de imagens: a imagem de Jesus como cordeiro digno de receber a força e o louvor (Apocalipse 5, 12). Quando do batismo de Jesus, o Espírito Santo é apresentado em forma de pomba (Mateus 3, 16) e no dia de Pentecostes, como línguas de fogo (Atos 2, 1-3).
Jesus ensinava através de imagens: “Eu sou o bom pastor” (João 10, 14). Os primeiros cristãos vão representar Jesus desenhando um Bom Pastor com a ovelha nos ombros. Olhando esta imagem eles não adoravam um pastor, mas pensavam na ternura de Deus que, em Jesus, busca a ovelha perdida. Representar algo por imagem ou símbolo era comum na Igreja primitiva, sobretudo em tempos de perseguição. Por muito tempo, as pinturas dos santos e de cenas bíblicas nas Igrejas foram o único ‘livro’ que os cristãos mais simples puderam ler e entender.
3.2. Imagens proibidas na Bíblia, idolatria:
A Bíblia, então, não proíbe as imagens? Sim, proíbe quando sua finalidade é servir à idolatria: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te fez sair do Egito, da casa da escravidão. Não terás outros deuses diante de minha face. Não farás para ti escultura alguma do que está em cima dos céus, ou abaixo da terra, ou nas águas, debaixo da terra. Não te prostrarás diante deles e não lhes prestarás culto” (Êxodo 34, 14-17; Deuteronômio 7, 5).
Podemos perceber que ídolo designa imagem feita para ser adorada como deus, como faziam os pagãos com suas divindades. Para os judeus, as imagens dos deuses são os próprios deuses pagãos. Os povos vizinhos dos judeus acreditavam em muitos deuses e faziam imagens deles. Geralmente, estes deuses, criados pelo próprio homem, serviam de apoio ao sistema injusto e cruel que maltratava o povo, em especial os pobres. Em Israel não se podia fazer imagem de Deus, não podia imaginar como Deus era, pois Ele é invisível e ninguém o tinha visto. Do Deus verdadeiro não se faz imagens, porque, todas as imagens são inadequadas para Javé. Dos falsos deuses se faziam imagens que eram chamadas de ídolos, eram rivais de Javé. Idolatria é a exclusão do Deus verdadeiro, substituindo-o por um falso deus.
O ídolo estava sempre ligado a um sistema de corrupção e opressão, levando a sociedade à divisão e à guerra por causa da ganância pela terra, bens materiais e dinheiro, fama, prazer e poder. Estes sim os verdadeiros ídolos que afastam a pessoa do Deus verdadeiro, competindo com Ele no coração (cf. Mateus 4, 1-10; Lucas 4, 1-12).
Portanto: Deus parece, mas não é incoerente, já que num lugar da Bíblia manda fazer imagens e noutro lugar o teria proibido. A imagem, hoje, mais do que nunca, faz parte da linguagem humana e é representação de pessoa, coisa, idéia. A Bíblia fala de imagens algumas vezes para denunciar a idolatria, outras vezes para mostrar o quanto a imagem é necessária para entendermos, por meio do Filho, o próprio Pai: “Ele (Jesus) é a imagem do Deus invisível...” (Colossenses 1, 15).
Os primeiros cristãos, martirizados aos milhares porque se recusaram a adorar imagens de deuses falsos, estudaram a Bíblia com atenção. Eles não tiravam esses textos que proíbem imagens de seu contexto. Comparando-os com outros textos bíblicos, ficaram convencidos de que Deus proíbe imagens de deuses falsos, adoração de ídolos que representam falsos valores, os quais induzem ao pecado. É o que faziam os povos vizinhos de Israel. Mas Deus não proíbe fazer outras imagens que contribuem para exaltar sua glória e poder. O II Concílio de Nicéia, no ano de 787, defende a veneração das imagens (pinturas e escultura) de santos pelos cristãos e o uso de símbolos nas celebrações litúrgicas.
O mesmo fez o Concílio Vaticano II, mantendo o culto às imagens conforme a tradição (LG 67), contanto que seja em número comedido e na ordem devida (SC 125).
Visitantes On Line
Deixe o seu comentário
Mais lidas
Tudo Aqui
- A Diocese (38)
- Capelas (1)
- Catequese Semanal (7)
- CF (5)
- Comipa (14)
- Comunidades (34)
- Concílios (2)
- Construções e reformas (14)
- coroinhas (4)
- CPP (10)
- Encontros Vocacionais (3)
- Eventos (43)
- Festa da Padroeira (29)
- Homenagens (1)
- O Pároco (7)
- Paroquianos(as) (7)
- Pastorais (29)
- Pastoral do Dízimo (6)
- Secretaria Paroquial (1)
- Semana Santa (25)
- Seminaristas (3)
- Textos liturgicos (29)
Vale Recordar
A Paróquia da Catedral de Livramento sente-se honrada com sua visita. Visite-nos sempre! Pe. Ademário Ledo, pároco e Comunidade Paroquial